Traduções Católicas: Sete Razões Pelas Quais Antropologia Protestante Deve Ser Rejeitada

Algo me diz que eu hei de amargar ter colocado este post. Mas achei uma ideia interessante nele – a saber, como os católicos romanos (doravente, católicos) veem a depravação humana, ou mais exatamente o pecado original.

É comum ouvir calvinistas tremendamente desinformados afirmarem que o catolicismo é pelagiano ou semi-pelagiano – Augustus Nicodemus já foi uma dessas vítimas… Sim, eu leio fontes católicas, elas são bem úteis para defender algumas ideias do arminianismo (bem como todo calvinista baba em Santo Agostinho para defender suas ideias). De qualquer maneira, deem uma lida! Pedir tolerância e imparcialidade seria utópico demais aqui, então apenas leiam…

Sete Razões Pelas Quais Antropologia Protestante Deve Ser Rejeitada

por CatholicNick

Tradução: Credulo from this WordPress Blog

Antropologia se refere ao estudo da natureza humana em geral, mas dentro do contexto da teologia se refere à natureza humana como ela corresponde ao seu final objetivo, especialmente quando discutindo salvação, porque se você toma este assunto erroneamente, certamente tomará a salvação erroneamente também. Como uma analogia, se um médico falha em entender como o corpo funciona, ele muito certamente falhará em corretamente diagnosticar e tratar a doença. Teólogos católicos bem-informados entenderam isto e explicaram por que uma antropologia incorreta está no coração da Reforma Protestante. A decisão de Lutero em rejeitar a Igreja Una Santa Católica e Apostólica veio ultimamente como resultado de ele severamente errar em sua visão da natureza humana, e portanto tornar-se em uma visão errônea da salvação. De um ponto de vista apologético, qualquer discussão com um protestante está limitada a falhar se você não entender que cada lado tem empregado um diagnóstico diferente da doença que a humanidade se encontra após a desobediência de Adão.

O que se segue é uma lista que eu compilei, com a ajuda de variadas fontes, de sete razões por que o entendimento protestante da natureza humana é severamente falho e mesmo herético. Isto pode soar pesado, mas este erro específico protestante é tão severo que até mesmo a Incarnação está por um fio.

1 – Jesus era incapaz de sofrer e morrer

Se Jesus era sem pecado, como ele era capaz de sofrer e morrer se Adão era originalmente incapaz? Bem como nas outras razões, isto tem a ver com a distinção Natureza/Graça: humanidade foi originalmente dotada de dons especiais da graça, um deles sendo o dom da imortalidade. Imortalidade é o dom que preserva o corpo de decair e eventualmente se separar da alma (i.e. morte física). Como criatura, o homem não pode naturalmente (isto pelo seus próprios poderes humanos) impedir de ser sujeito às leis da natureza, particularmente decomposição, e somente tal dom divino poderia impedir tal processo. Quando pecou, Adão perdeu sua graça (junto com as outras) e imediatamente iniciou o processo de decaimento corporal que finalizaria em morte física. Jesus, mesmo sendo sem pecado, escolheu abdicar este dom a fim de experimentar dor e sofrimento como nós. Como protestantes recusam a distinção Natureza/Graça, eles são forçados a afirmar que a imortalidade era uma parte essencial da natureza humana sem pecado, e portanto Jesus não seria capaz de morrer.

2 – Fé é Razão

Nossas naturezas criadas são finitas, elas são limitadas em sua habilidade de compreender o que está além do mundo natural. Fé é aquele dom que é capaz de ver além da criação, para adotar muitos dos mistérios de Deus, incluindo a Bendita Trindade. Não existe maneira pela qual possamos conceber ou deduzir diversas doutrinas cristãs, especialmente a Trindade, por filosofia ou qualquer racionalização semelhante. Requerermos algo extra para `ver’ além disto, e este é o dom da fé (Hb 11:1-3). Santo Agostinho deu a analogia de alguém com perfeita visão ainda sendo incapaz de ver no escuro dado que seus olhos são naturalmente limitados em suas habilidades, mas se você adicionar algo como uma tocha, subitamente o olho é capaz de ver no escuro. Mas porque protestantes rejeitam a distinção Natureza/Graça, eles devem afirmar que sua habilidade de crer na Trindade é natural ao homem, o que é abominável e reduz fé a meros argumentos racionais. E se eles alegam que isto pertence à natureza sem pecado, então eles devem afirmar que Jesus requereu fé, o que é igualmente abominável.

3 – Adão poderia fazer mais que Cristo

Protestantes ensinam que a Adão foi dada a tarefa no jardim de manter todos os mandamentos perfeitamente por seus próprios poderes humanos – i.e. sem a assistência da graça de Deus. Desde que Adão falhou nesta tarefa, um substituto era necessário, e assim protestantes ensinam que Jesus tinha que manter toda ela em nosso lugar, desde que ele foi tentado pelo pecado também. Mas ao contrário de Adão, Jesus foi cheio da graça e da verdade desde o momento da concepção (Jo 1:14), e Jesus tinha o Santo Espírito que veio sobre Ele no batismo para começar sua missão de cumprir toda justiça (Mt 3:13-15). Como isto é uma substituição justa? O que Adão tinha que fazer por esforço humano somente, Jesus foi chamado a fazer com uma humanidade habilitado de graça e verdade e o Santo Espírito. Mas porque protestantes rejeitam a distinção Natureza/Graça, isto faz o desafio de Adão mais humano que o de Nosso Senhor, o que não pode ser. A única solução aceitável é concluir que a humanidade de Adão foi originalmente habilitada com dons divinos tal que ele tinha graça e o Santo Espírito também, e portanto tinha que originalmente cooperar com a graça no Éden.

4 – Cristo foi feito pecado – literalmente – na Encarnação

Se Maria tinha uma “natureza de pecado” como os protestantes ensinam, então o que exatamente Jesus fora concebido se não pecado? Sugerir que a natureza humana de Maria não foi passada para Cristo, do ovo fertilizado para o abrigo do feto para o nascimento, significa que a Encarnação não ocorreu. Mas se a humanidade de Maria foi passada para Jesus, então tudo que Ela podia dar-Lhe era Sua “natureza de pecado”, o que é obviamente inaceitável. Porque protestantes rejeitam a distinção Natureza/Graça, eles são forçados a criar duas espécies humanas, uma perfeita e outra radicalmente corrompida pela queda (i.e. uma “natureza de pecado”), e portanto concluem que jesus era de uma espécie humana diferente de Sua Mãe, tornando a Encarnação uma ficção. Com a distinção Natureza/Graça, a própria noção de “natureza de pecado” se torna impossível, dado que a natureza humana não muda, ela apenas perde graças, e portanto Maria pôde passar Sua própria humanidade a Jesus sem comprometer de forma alguma a santidade de Cristo. (NB: A situação descrita acima foi simplesmente para ilustrar um real problema. Maria não sofreu de fato perda da graça, desde que como uma intervenção única na história da salvação, Deus preservou-A de qualquer mácula de pecado desde o Momento da Concepção.)

5 – Lutero tinha afinidades com Pelágio…

Pelagianismo foi a heresia que ensinava que o homem poderia se salvar à parte da graça. Apesar de a maioria das pessoas pensar nisto como um erro que se aplica somente após o pecado de Adão, a verdade é que ele se aplica especialmente /antes/ da queda. Pelágio ensinou isto porque ele via Adão como sendo originalmente auto-suficiente e portanto não precisava de nenhuma assistência divina. Isto se liga diretamente com o ponto 3 acima. Desde que Adão não tinha dons divinos a perder, então Pelágio (logicamente) concluiu que nada danificador sucedeu a Adão para tecnicamente ‘cair de’ (e a opção alternativa resulta no problema descrito no ponto 4). Porque os protestantes rejeitam a distinção Natureza/Graça, eles despercebidamente adotaram pelagianismo. Como descrito no ponto 3 acima, protestantes até mesmo exigem que Jesus seja pelagiano, tendo que manter os mandamentos por habilidades puramente humanas.

6 – … e com Mani

Lutero estava bem informado que a queda de Adão causou algum dano bem real à humanidade, o que faz a conclusão de Pelágio no ponto 5 acima inaceitável. Mas ao aceitar a premissa de partida de Pelágio, Lutero só pôde concluir que a própria natureza humana se tornou radicalmente corrupta, até mesmo pecaminosa. É daí que estes protestantes frequentemente falam do homem tendo uma “natureza de pecado”. Não é nenhuma caso que quando Santo Agostinho se opôs aos pelagianos, ele se encontrou semelhantemente se opondo a uma heresia anterior conhecida como maniqueismo. Em resumo, os maniqueus ensinavam que existia um dualismo no universo, com forças boas e más opostas. As forças malignas eram principalmente materiais, e portanto o pecado tinha uma existência real como uma “coisa”, e isto somente fazia sentido a eles porque Deus era completamente bom e portanto não poderia criar o mal. Santo Agostinho ficou travado nisto por um tempo, até que alguns cristãos sólidos transformaram seu pensamento, e o momento deste “Eureka!” é lindamente gravado em suas Confissões (Livro 7):

Porque a corrupção danifica, mas, a menos que ela possa diminuir a bondade, ela não pode danificar. Ou, então, a corrupção não danifica, o que não pode ser; ou, o que é mais certeiro, tudo que é corrompido é privado do bem. Mas se eles são privados de todo bem, eles cessariam de ser. Pois se eles são, e não podem ser corrompidos afinal, eles se tornarão melhores, porque eles mantêm-se incorruptíveis. E o que mais monstruoso que afirmar que perderam toda sua bondade são feitas melhores? Portanto, se eles são privados de todo bem, eles não mais podem ser. Enquanto, portanto, eles são, eles são bons; portanto seja o que for, é bom. Este mal, então, que eu procurei quando era, não é qualquer substância; pois se fosse substância, seria bom. Pois ou seria uma substância incorruptível, e portanto um bem próprio, ou uma substância corruptível, que a não ser que seja boa não pode ser corrupta. Percebi, portanto, e isto foi feito claro para mim, que Ele fez todas as coisas boas, nem existe substância afinal que não tenha sido feita por Deus.

Deixe isto marinar. Santo Agostinho realizou que mal é a “diminuição” de algo bom, não uma `coisa’ como uma mancha preta. Bem como frio é ausência de calor e trevas são ausência de luz, mal é alguma privação de algo bom. Mas ao contrário de Pelágio no ponto 5 acima que (corretamente) afirmou nada de onde Adão poderia “cair de”, Lutero levou sua conclusão no sentido oposto e afirmou que a natureza humana se tornou inerentemente pecaminosa, o que é a ressurreição do erro maniqueu. Porque os protestantes rejeitam a distinção Natureza/Graça, em favor da visão de Lutero, eles têm desatentamente adotado maniqueismo junto com pelagianismo.

7 – Intimidade de longa distância com Deus

No Novo Testamento, vemos que a verdadeira intimidade que Deus implica: o habitar interior do Santo Espírito (Jo 7:38-39), que inclui o Pai e o Filho (Jo 14:23). Esta intimidade é fortemente ausente da visão protestante de Adão, e de fato a contradiria, desde que particularmente Adão estaria andando pelo Espírito (cf. Gl 6:7-9). Ainda assim não existe outra forma de Adão ter sido criado em intimidade com Deus. Porque protestantes rejeitam a distinção Natureza/Graça, a intimidade original que Adão compartilhava com Deus tinha que ser um relacionamento puramente externo, não significativamente diferente daquele que descrentes têm hoje em dia, sem nenhuma oportunidade de sequer receberem o Santo Espírito.

* * *

Para leitura adicional, eu recomendo fortemente ouvir a leitura de uma hora de Dr. Feingold citada no artigo original do blog Called To Communion, “Original Justice and Original Sin”. Você será um apologista muito mais forte se o fizer. Este assunto precisa ser discutido porque eu percebo que ele é virtualmente inexistente na maioria das fontes apologéticas católicas, ainda que tenha sido padrão no ensino católico quando o tomismo era padrão nos seminários.

Um comentário em “Traduções Católicas: Sete Razões Pelas Quais Antropologia Protestante Deve Ser Rejeitada

Deixe um comentário